Carlos Ramos (Suave): “Há 20 anos atrás, o Barreiro não era a cidade dos festivais e da música fixe”

Carlos Ramos é Suave, Nick Nicotine, MC Cuta, Nico Laüfæll e muitos outros. É um dos criadores do festival Barreiro Rocks e da editora Hey Pachuco!, mas é também um músico com dezenas de projectos ao longo de mais de 20 anos.

Picos, para os amigos, esteve no Último Barco para falar sobre os seus primeiros passos na música, o Barreiro Rocks e o seu mais recente álbum, “Reviravolta”, que é lançado no dia 7 de Maio, nas plataformas habituais, e na ADAO, onde dará um concerto pelas 19 horas.

Nasceste em 1977. Como foi a tua infância no Barreiro?

Não foi (risos). Foi no Lavradio, que é outro mundo, é outra coisa. Para mim o Barreiro era vir de autocarro com os meus pais à Boleira tomar o pequeno almoço, que era uma viagem de família. Fiz o 5º e o 6º ano na Escola Álvaro Velho, e só no 7º ano quando fui para os Casquilhos e tinha o passe é que comecei a conhecer mais o Barreiro. De resto, o Lavradio era uma vila grande onde tinhas tudo. Não saias dali do bairro.

Mas nessa altura já te interessavas por música?

Sim. Desde puto, tipo cinco ou seis anos, comecei a brincar com um teclado monofónico e lembro-me de ficar maluco. Eu ouvia muita música, mas era aquilo que os meus pais ouviam. Marino Marini, Júlio Iglesias e Roberto Carlos, que era o que havia lá em casa. Depois ai pelos oito anos fui aprender piano na SFAL, no Lavradio, que era uma escola fixe. Tive um professor que foi o senhor Carlos Afflalo, de Alhos Vedros, mas a parte da teoria musical e do solfejo fez me desistir. Depois ainda voltei aos 12 anos mas também não estava para aí virado. E depois rebentam os Nirvana e os Metallica, e aí estava nos Casquilhos e já havia muita malta a tocar guitarra, que tem a vantagem de poderes levar para a praia enquanto o piano não. Quando entrei para o 10ºano, no fim-de-semana anterior à segunda-feira do início do ano lectivo, fui comprar uns carrilhões e mudei as cordas a uma guitarra. O meu pai ensinou-me a afinar a guitarra e pus-me a aprender acordes. Fiquei obcecado e passei  esse fim-de-semana a tocar, até ficar com os dedos em sangue. Na segunda-feira, entro no 10º ano, e o meu colega de carteira era o Fast Eddie Nelson, que eu não conhecia, e que já tocava para caralho. E tinha uma guitarra elétrica, que era um sonho. A partir daí, começaram as bandas. Curiosamente, nas primeiras bandas fui sempre para a bateria, até aos Los Santeros. Ainda tive uma banda com o André Carapinha, em que tocava trompete e teclas distorcidas, e havia um gajo que tocava lixo. Uma cena industrial e noise, muita fora. Depois começo com os Los Santeros em 1997 nesta coisa mais rock n’roll. E depois Hey Pachuco!, em 2000.

Mas foi algo pensado ou natural? Ou seja, tinhas ambições profissionais?

Tinha sempre um grande travão. Ao mesmo tempo que a família apoiava a cena da musica, achavam que eu devia ter outra ocupação. E eu próprio convenci-me disso também Em 1999 entro para Filosofia, estou lá uns anos e bazo. Depois penso em ser professor de Educação Musical, e assim combino as duas coisas. Entro para o curso mas também deixei. Não tenho cena para ser professor, não sei ensinar. Depois finalmente, já com outra perspectiva, eu abro o estúdio em 2008 e nesse ano tiro a licenciatura em Programação Artística e Património, já numa altura em que fazia o Barreiro Rocks. Só a partir dai é que comecei a preencher aqueles formulários com a profissão de músico. Eu acho que vinha cá parar e andei a fugir o máximo tempo possível, mas a partir daí eu percebi que não ia fazer outra coisa.

Como é que surgiu o Barreiro Rocks?

O Barreiro Rocks tem que ver com o panorama da altura e querer imitar merdas que havia lá fora, e que cá não havia. Em 1999 havia os Sullens, os Ballyhoos e o Chicken lembra-se de gravar um disco sobre o livro Moby Dick num projecto que chamou de Dyanamic Duo, que era eu na bateria e ele na guitarra. Em 1998, com o dinheiro que fiz a trabalhar na Expo, comprei um computador para tentar gravar. Isto junta-se tudo porque no Verão de 1999 os Sullens vão a estúdio e gravam um EP, e os Ballyhoos os Dynamic Duo gravam no meu quarto dois discos e acabamos por ter naquele verão este material pronto a editar. E surgiu a ideia de fazer um concerto, para apresentar. Eu tenho um bocado o defeito de começar a querer fazer mais do que aquilo é, e então fizemos um festival. Colocámos logo “Pachuco Fest 1” para dar ideia que iram haver mais. Falámos em fazer ali no El Matadouro e lá foi no dia 30 de Setembro de 2000, está ali aquela foto, nasce a Hey Pachuco!, que basicamente era um site onde se anuncia que isto era uma editora. E nasce o Barreiro Rocks, que se chamava Pachuco Fest. Fez-se em 2000 e 2001, e nesse ano já conseguimos algum dinheiro da câmara para trazer bandas de fora. Na altura tínhamos os The White Stripes por 200 contos, mas também ninguém conhecia a banda na altura. Irem lá ou não ir, ia dar ao mesmo. Foi um ano antes de rebentarem e não havia esse dinheiro. Depois houve eleições aqui no Barreiro, em 2001, o PCP perde pela primeira vez e entra o PS, e nós pensamos que, uma vez que ia mudar a casa, vamos mostrar aqui um projecto mais fixe e consistente. O nome acabou por ser uma insistência da câmara que achou que o festival deveria ter Barreiro no nome. Na altura soava-nos mal mas pronto, queríamos era fazer o festival Mas havia outros nomes peculiares que estiveram em cima da mesa como Festival Internacional de Bandas de Garagem do Barreiro. Se calhar, é melhor outro nome, e ficou Barreiro Rocks. Nesse ano já conseguimos trazer os Parkinsons, que foi um balúrdio na altura mas o festival esgotou.

O Barreiro Rocks terminou em 2019. Porquê?

Já percebi que há várias interpretações da coisa mas eu acho que fui bastante claro. Ao longo dos anos, com todos os executivos, eu avisei que isto iria acontecer.

“Feitas as contas, assim muito rapidamente, às 21h de uma sexta-feira do Barreiro Rocks, quando o festival abria, eu e o João Cruz, tínhamos sempre uns 10 mil euros com a faca no pescoço e tínhamos de vender cervejas e bilhetes para o recuperar. Se corre mal, quem se lixa somos nós, pessoalmente. Durante muito tempo, isto ainda foi visto como aceitável mas não faz sentido”

Eu sempre expliquei esse ponto e aquilo que o festival trazia ao Barreiro era genuíno e acho que o município sempre retirou bastante comunicação positiva com isto, e eu não achava que devíamos ser os únicos a arriscar. A câmara tem um orçamento e depois são feitas escolhas. Se nos dizem que não dá, aceitamos. Depois, decidimos o que fazemos com essa resposta. Eu, enquanto cidadão, sempre questionei algumas decisões. Se calhar aquilo que a gente teria necessitado durante algum tempo é o equivalente a um caché de um artista nas Festas do Barreiro. Mas, repara, isto aconteceu com todos os executivos. Tanto que o apoio é público, e desde 2005 até 2010, passou de 20 ou 25 mil euros para 5 mil euros. E arranjar apoios aqui sempre foi muito complicado porque estás onde estás. O Barreiro não é Lisboa e tirando os apoios públicos ninguém investe dinheiro em eventos aqui neste lado. Foges um bocado ao âmbito da DGArtes, de onde nunca conseguimos apoio. Por outro lado, qual é o ponto para alguma marca meter dinheiro nisto? Uma coisa que acontece tão localmente e que tem o seu charme por ser assim? Eu acho que o apoio Óbvio devia ter sido sempre da camara municipal. E um apoio digno. No último ano o que nos ofereciam com uma mão, tiravam-nos com a outra. Passando para o nosso lado despesas que sempre tiveram do lado da CMB. Podiam estar a dar-nos mais (um valor ridículo)mas tínhamos mais despesas. Por isso, teve de acabar. Não podemos arriscar mais. No dia em que corre mal, a queda é nossa. Quando corre bem, o município é considerado um espectáculo porque apoia estas actividades. Não é justo.

Preferiste acabar com o festival do que o manter com uma dimensão mais pequena.

Sinceramente, para mim e para o João, as últimas duas ou três edições já tinham sido muito custosas de fazer por causa deste problema. Lembro-me de uma edição, em que até houve concertos na Conde Ferreira, e que o festival não deu nada. Houve um dia que choveu e muita malta ficou em casa, até porque houve concertos que não aconteceram. Isto implica logo não venderes cerveja, nada. E estás ali a contar os tostões todos e a chegares ao final do festival com um ano de trabalho no lombo e, depois das despesas estarem pagas, ficas com zero. Lamento, mas este um trabalho que tem de ser apoiado. E não pode ser apoiado com uns trocos porque o que o festival gerou em comunicação positiva ao longo dos anos é muito, muito superior ao investimento. Há que perceber que o dinheiro do município, neste tipo de eventos, não é queimado. Regressa na forma de comunicação, da percepção que fomos ajudando a mudar ao longo dos anos. Há 20 anos atrás, o Barreiro não era “a cidade dos festivais e da música fixe”. Passou a ser. Se isto não é viável comercialmente, se a câmara acha que não faz sentido, digam-me. Não podem é dizer que apoiam, que querem que isto aconteça e que não faz sentido acabar, que são tudo pela cultura e depois, na práctica, senti que ao longos dos anos deixarem tudo isto ir caindo. Sempre na perspectiva de que nós iremos fazer o festival, com muito ou pouco dinheiro. Chegou a um ponto em que, efectivamente, não dava para continuar neste esquema.

Achas que o facto de agora não haver festival, mas ser algo que tanta gente queira ver novamente, não fará com que possa voltar num futuro?

Sem querer fazer prestidigitação, eu até acho que já terá existido a ideia de fazer o festival sem a Hey Pachuco!. Portanto, não sei. Sinceramente, acho que temos uma coisa que não dá para ninguém controlar, que é a única coisa que este festival sempre teve de início: que são os fãs, as pessoas. Há factores que são diferentes e que não tem só que ver com o facto de ser realizado no Barreiro. Há muita coisa que é feita para que aquilo aconteça e se transforme naquela festa caótica que as pessoas gostam. E achamos que se calhar devemos avançar para um festival mais comunitário, em que as bandas fazem parte da organização e da produção. Prefiro fazer assim, em modo comunitário, do que passarmos o tempo a servir de arma de arremesso político. Menos conversa, mais rock and roll.

Daí o Pachuco Fest estar de regresso.

Sim, assim que isto abrir, o Pachuco Fest é feito. Juntamos umas série de malta que já está de sobreaviso para que, assim que isto abrir, se faça um novo festival noutros moldes, mas é capaz de ir buscar toda a onda, mudando apenas de nome e num formato mais humilde, inicialmente. É curioso mas ao longo de 20 anos de trabalho, com orçamentos cada vez menores, habituámo-nos tanto a fazer isto acontecer com migalhas que percebemos que mais vale fazer o festival sem apoios virtuais ou pífios. Por nós, continuará a ser um festival dos barreirenses e a acontecer no Barreiro. Pode vir a ser um festival dos barreirenses a acontecer em Lisboa, na Guarda ou em Madrid, sei lá o que o futuro nos trará. Só sei que, tal como diz o grande Chico Buarque, “apesar de você amanhã há de ser outro dia”. A festa, por nós, nunca pára.

 

Voltando um pouco à tua música, como surgiu este estúdio, onde estamos agora?

Recebi um telefonema de alguém a dizer que isto ia vagar, em 2008.Eu estava a fazer um curso de Gestão de Dinamização Cultural na ETIC e no fim desse ano lectivo, lá para Dezembro, telefonam-me a dizer que o estúdio ia ficar vazio. Eu pensei fazer uma proposta à Baia Tejo e vim cá ver isto, mais o Cientista, e decidimos arriscar e alugar isto. Até hoje. Entretanto já estabelecemos uma boa relação com a Baia Tejo, através do Sérgio Saraiva, e até já foram um apoio do Programa Jovens Músicos.

Como vês actualmente o panorama musical no Barreiro?

Não vou dizer que é como sempre vi, mas de certa forma até é. Continua a haver bué malta a fazer música. Mas acho que é um fenómeno mais ou menos transversal. Se nos anos 90 tinhas centenas de putos com guitarras nas mãos, agora tens beat makers, malta da clássica ou do jazz. Eu continuo entusiasmado ao ver gerações novas a aparecerem com cenas fixes. Permite-me estar envolvido e ver o que andam a fazer.  Acho mais fixe do que estar a pensar muito como é que isto foi. Se calhar nunca foi nada de jeito, e tiveste sempre de andar a inventar espaços que não têm condições para receber um concerto. Nasci há 43 anos e tocos desde os anos 90 e, tirando a Gare, que existiu fugazmente nos anos 90, tiveste o El Matador, mas que era longe para caraças e não tinha grande onda enquanto espaço, mas o público e a malta que lá trabalhava fazia a festa. Mas nunca tiveste um bar com música ao vivo, com um palco. Depois um gajo é músico e viaja pelo país inteiro e vês que há montes de sítios mais fixes. Portugal não é Espanha. Em Espanha cada rua tem um bar de rock. Mas ainda assim tens outras terras com um bocado mais de onda, em termos de espaços para receber este tipo de cenas. Agora, esta não é a cidade mais chata musicalmente. Não é isso que estou a dizer. Mas temos sempre cá esta luta para poder ter coisas a acontecer. Tendo em consideração os anos que passaram, fico contente que haja algo como a ADAO, mas não é o cenário ideal ainda. Mas lá está, ao longo dos anos aparece sempre malta interessante por isso, está fixe.

Indo um pouco à tua música. Vais lançar agora o segundo álbum de Suave. O que distingue o Suave das outros projectos?

Suave é a banda onde eu canto em português. É algo para onde eu escrevo propositadamente e que tem ali uma persona qualquer que é o Suave.

Este segundo álbum sai dia 7 de Maio. Despertou-te agora o cantar em português?

A origem do Suave foi em 2011. Eu estava a tocar com o Fred, dos Orelha Negra e dos Buraka Som Sistema e ele desafiou-me para cantar em português e eu pensei “porque não?”. Eu percebo porque fiz uma carreira toda mais em inglês, e na altura acabei por fazer três temas mais soul em inglês e passei ao Ricardo Guerreiro, dos BRO-X, para passar para português. Ele fez as letras do “Perdido”, do “Coração Diamante” e outras. Então comecei a trabalhar com o Ricardo neste esquema. Mas nesse primeiro disco já comecei a escrever algumas coisas também. Por acaso fiquei um bocado mais preguiçoso com as bandas em inglês. Aquilo que nunca me acontecia antes que era ter ideias em português, agora é o natural.

Esta multiplicidade de projectos que tens existe porque como ouvinte ouves um pouco de tudo?

Sim, é muito isso. Eu nunca fui de nenhuma tribo e a minha formação musical vem da altura em que eu andava de skate com o Ricardo, o Cientista, essa malta. O grupo do skate tinha uma cena engraçada, que era às vezes alguém levava um rádio, mas era um radio para 30 gajos e andava tudo com cassetes. Tinhas aquela turma hardcore do hip-hop, outros do reggae, os do punk rock, os metaleiros ou os do tecno. Eu curtia ir ouvindo outras cenas e um pouco de tudo. Era tão fã dos Iron Maiden, dos Metallica ou dos Pantera como era dos Beastie Boys ou do Bob Marley. A maneira como eu sempre me soube expressar melhor era dentro do âmbito do rock and roll mais americano, aquela onda de Detroit dos anos 90, de DIY. E era por aí que eu ia mexendo. Os projectos foram nascendo e de vez em quando vou lá regar aquilo.

Além de tocar, também fazes um trabalho de produção. Isso foi uma consequência de teres o estúdio ou já fazia parte da tua área de interesse?

Foi algo que foi acontecendo. Comecei a aperceber-me de que também gostava de fazer isso e tenho um bocado este problema de gostar de fazer várias coisas. Edição de vídeo, música, o que for. Eu até desempenhava algumas funções que nem sequer sabia que, comercialmente, essas funções existiam. Sempre fui gravando ou produzindo as minhas cenas. Só nos últimos dois ou três anos é que fiz algumas mudanças. Aluguei um espaço em Lisboa para ter um trabalho mais comercial, que no fundo eram coisas que já fazia naturalmente. Comecei a compor para publicidade ou para filmes e nos últimos tempos comecei a fazer arranjos para malta. Tenho trabalhado assim em 360º. Desde ajudar, juntamente com o João Só, alguns artistas a começar o processo do início, até à composição ou edição para todos.

Recentemente, aconteceu também o ECO -Mostra de Música do Barreiro. Como é que surgiu este projecto?

Surgiu em conversa com a turma nova da Hey Pachuco!. O Guilherme, a Filipa, o Yala, essa malta. Achavam que era fixe haver uma cena assim para a malta mais nova. Fomos falar com o sector da juventude para tentar fazer a cosia acontecer. E é a primeira edição de muitas, espero eu. A ideia é isto ser um projecto anual. Recebes as candidaturas dos músicos, tens o concurso e escolhes os vencedores. Este ano os prémios têm que ver com gravações aqui no estúdio e ao mesmo tempo compilas os dez melhores temas numa edição. É um formato de concurso, que não é algo que eu adore, mas é talvez o mais lógico.

Houve muita adesão?

Não houve uma adesão brutal, mas deu para cumprir com os mínimos, que era conseguir ter malta suficiente para uma compilação com alguma escolha. Foi fixe. Eu acho que agora com a divulgação dos prémios e a comunicação que poderá gerar, quando lançarmos a compilação, as próximas edições já serão mais consistentes. Portanto, fiquei muito contente, foi uma forma fixe de ver este sangue novo a funcionar na Hey Pachuco! e estamos prontos para agarrar mais projectos daqui para a frente.

Houve alguma banda que tivesse ficado por trazer ao Barreiro Rocks?

Então não! Olha o Dan Sertain, que era um gajo que eu curtia bue e que morreu este fim-de-semana com 31 anos. Houve um que esteve a viver na Europa bué anos e que eu nunca consegui, que é o Jonathan Richman, dos Modern Lovers. Sei lá, isto é malta do nosso campeonato.

E se não houvesse limite de budget?

Já cá trouxe duas ou três pessoas que tocaram com o Nick Cave, mas ainda não pus o Nick Cave cá. Era do caralho. O Iggy Pop. Há uma série de gajos. Mas já me dou por feliz por partilhar a vida nesta época em que eles estão vivos, por isso já não é mau.

Se tivesses de escolher um concerto para definir o Barreiro Rocks, e todo o seu espirito, qual seria?

Posso dizer-te que o último do Fast Eddie Nelson, lá no bar, foi assim uma cena do caraças. E acho que tem a ver com isso. Nós podemos ter o Fast Eddie e ir a malta toda mas é naquele fim-de-semana e as cabeças estão todas viradas para aquilo ser brutal. Os artistas respondem, o público também. Desde bandas maiores até malta local. Eu falo dos concertos do bar porque raramente conseguia ver os outros porque andava sempre de um lado para o outro, e quando chegávamos aquela hora da noite em que já pagámos as contas ou já dá para estar mais descansado, eu conseguia ver algum concerto no bar. Aqueles momentos de final de noite com o bar cheio eram do caraças. Acho que é um milagre nunca ninguém se ter aleijado ou termos partido nada de muito grave ao grande Grupo dos Ferroviários que sempre nos aturou. Mas ya, é um qualquer dali.

Fotografia: Vera Marmelo

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