Os Humana Taranja, banda barreirense formada em 2018, têm em calha o lançamento do seu primeiro álbum de longa-duração para este ano. Já lançaram um tema, “Fado Tropical“, bem como “Chove Cor em Saturno”, um vídeo-concerto realizado pelo cineasta Tiago Bastos Nunes, onde foram apresentados mais dois temas: “Cada Vez” e “Estrela Polar”. Estiveram à conversa com o Último Barco para nos contarem um pouco sobre a sua origem e da relação que mantém com a Hey Pachuco!.
Como é que surgiram os Humana Taranja?
Guilherme: Isto começou comigo, com o Yala e o com o Zektor, que agora está em França. Tínhamos acabado os Arroz com Feijão, onde participamos no Programa Jovens Músicos, e depois decidimos fazer outra banda. Eu tinha algumas músicas e depois pedimos ao Picos para as vir gravar. Na altura o Zektor cantava, eu tocava guitarra e o Yala também. Quando decidimos gravar o primeiro EP, chamamos a Marta e a Filipa para fazer coros, e depois surgiu o Afonso para tocar a bateria.
O que significa Humana Taranja?
Guilherme: Há quem diga que vem…
Marta: Há quem diga?
Guilherme: dos Humanos e dos Toranja.
Filipa: Foste tu que disseste isso.
Guilherme: Eu não sei, eu não disse nada. Não sei. Foi um nome completamente à toa, era um nome que mais ninguém tinha.
E quais as principais influências da vossa banda?
Guilherme: Isso é difícil dizer. Na altura eu queria era fazer uma versão de Marcelo Camelo mas garage. Os Radiohead e os Talking Heads também foram grandes influências. Mas é muito variado mesmo.
Afonso: A cena é que as músicas que tu fazias para o primeiro álbum e para este são bué diferentes.
Guilherme: Em termos de processo, sou eu que faço as músicas mas depois passa pelo filtro da banda que torna as coisas mais fixes.
Este segundo trabalho, que é no fundo o vosso primeiro álbum, será muito diferente do vosso EP?
Guilherme: O álbum está ser produzido pelo Nick Suave, só aí é uma diferença enorme face ao EP. O EP nem foi produzido.
Afonso: Foi feito à pressa em três dias.
Guilherme: Sim, tivemos meia hora para gravar o EP todo.
Filipa: Uma das coisa que mais difere este álbum do EP é que trata-se de um álbum conceptual. As canções seguem todas uma história.
Guilherme: Sim, é a história de um rapaz que se apaixona por uma rapariga, mas esse amor não é correspondido. Então é toda essa viagem para aprender a lidar com isso. Mas isto não foi pensado, foi acontecendo e acabou por ficar assim.
Sendo que são uma banda do Barreiro, e relativamente recente, foram buscar alguma referência a outras bandas aqui da cidade?
Guilherme: Eu acho que sim. Nem que seja inconscientemente. E nem digo musicalmente, é mais na atitude. Não é do Barreiro, mas vêm cá bastante, mas os The Dirty Coal Train são uma referência nesse aspecto. As actuações deles ao vivo são sempre “wow”. E nós tentamos que as nossas sejam também sempre únicas. Os The Act-Ups ou os Lisbon South Bay Freaks, não sei se é por serem também de cá, mas há uma energia quase ritualista durante os concertos.
Yala: É a cena de conheceres toda a gente. Toda a gente está dentro do mesmo espírito.
Marta: Há uma ambiente mais intimista.
Yala: Não é intimista, é mais fixe.
Guilherme: No fundo, e apesar dos Humana Taranja não serem uma banda de garage ou punk, sempre tentámos ter esse espírito.
Afonso: Só o facto de ensaiares aqui (estúdio King), esse ambiente e espírito é logo transmitido.
Yala: Sim, até as bandas que vêm de fora para tocar aqui, dizem isso.
Além da banda, vocês também estão envolvidos com a Hey Pachuco!, tornando-se a nova geração desta associação.
Guilherme: Sim, sim. Eu comecei a trabalhar aqui no estúdio na altura do Programa Jovens Músicos. Vinha cá tomar conta das bandas. Depois comecei a colaborar com o Picos e quando criei a banda ele estava em Lisboa e acabei por passar aqui mais tempo no estúdio.
Afonso: Ele não tá a dizer mas a área de estudo dele …
Guilherme: Ah sim, estou a estudar Sound Design. E tenho feito aqui a manutenção do estúdio, por isso estamos mais envolvidos com a Pachuco.
Afonso: Sim, começamos a ajudar em alguns concertos, a levar material ou a fazer som.
Guilherme: Estamos mais envolvidos em tudo o que acontece aqui, sim. Nós gostamos de estar envolvidos e assim acabamos por fazer parte das coisas e, no futuro, também pode ser bom para nós, para conseguirmos ter mais concertos, por exemplo.